Adeus Marinheiro
- Livia Guimarães
- 7 de mai. de 2016
- 2 min de leitura
ADEUS MARINHEIRO
Do porto eu acenei. Em uma mão um lenço branco, na outra o meu coração. O lenço, o vento sul levou, enquanto eu lançava o meu até breve sem perspectiva. Já o meu coração, o mar levou, para águas longínquas e bipolares, hora brava, hora calma. Eu queria colorir aquele momento em tons de cinza, mas o sol das três me fez fechar os olhos. Eu sorri. Ele sorriu. A sirene tocou no minuto em que compartilhávamos o dialogo mudo dos nossos olhares. O coração bateu acelerado. As lagrimas corriam do meu rosto juntando-se as águas do mar. De fato era como um dia cinza. E ainda sim, a meteorologia afirmasse a aparição do sol. A tempestade dentro de mim chegou mais cedo do que previ, vencendo a eficácia do meu guarda-chuva. Ele foi se afastando aos poucos, e em um ato de dizer o que eu já não conseguia mais escutar, Ele pegou o quepe branco e lançou ao mar. E o vento sul mais uma vez afastou a lembrança para longe. Eu quis gritar - eu te amo, não vá embora. Mas tudo o que eu consegui dizer foi – Bons ventos a você. E Ele sumiu no horizonte sem fim. Um turbilhão de sentimentos inundava o meu peito, uma dor tamanha que fazia doer onde eu nem imaginava que pudesse. Fiquei sentada no mirante por horas, desejando que o mesmo vento que o levou, trouxesse-o de volta. O sol agora se punha e a espera se tornaria constante. Da janela do meu quarto o barulho do mar me consolava. Mas o tempo, bem o tempo teima em deixar minhas lembranças desfocadas e não se cansa de dizer: Adeus Marinheiro, bons ventos a você.
Livia Guimarães

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