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Pulp, meu primeiro Bukowski

  • Livia Guimarães
  • 1 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

Tem livro que ganha a gente de cara pela sinopse, e foi o que aconteceu. Fiquei curiosa para saber o que seria um "Bukowski puro-sangue. Legítimo" que logo na terceira página diz "Dedico à subliteratura". "Pulp" me fez ter dúvidas nas primeiras páginas, mas a novela fluiu com tamanha naturalidade, cheia de sacadas irônicas, excêntricas e excitantes do velho Bulk. Só sei de uma coisa, terminei o livro com uma vontade de pedir uma bebida em um bar e falar sobre a vida com a Dona Morte.


Fiquei com vontade de ler “Pulp”, pois ele foi indicado na sociedade literária da qual eu coordeno – para saber sobre ela clique aqui – por um dos membros cujo gosto literário eu sempre levo em consideração. A temática na época era “Indique um livro de investigação” e foi assim que vim a conhecer Bukowski.

Em “Pulp”, somos apresentados ao cotidiano do detetive particular Nick Belane, que não vê nada de glamoroso em sua profissão. Na verdade, Belane é um detetive de segunda classe, fodido que luta para por as contas em dia cobrando um preço medíocre por suas investigações. E isso não é arbitrário, pois Belane é a representação dessa contracultura e subliteratura a que Bukowski dedica “Pulp”. E tais características não desmerecem nosso detive durão e fora do peso, pelo contrário, são elas que irão diferenciá-lo de outros detetives da literatura.

E entre bebidas, palavrões e um certo estilo é que Nick Belane saí em busca de pistas para desvendar os casos mais inusitados, usando sua malandragem e claro sua 32.


“Portanto, agora, ali estava eu. Sentado ouvindo a chuva. Se eu morresse agora, ninguém verteria uma lágrima em todo o mundo. Não que precisasse disso. Mas era estranho. Até onde um trouxa pode ficar solitário? Mas o mundo estava cheio de velhos rabugentos como eu. Sentados ouvindo a chuva e pensando para onde foi todo mundo. Aí é que a gente sabe que está velho, quando fica pensando para onde foi todo mundo.” (Pulp, Charles Bukowski, tradução de Marcos Santarrita, L&PM Pocket, p. 146)


“Pulp” é uma novela policial com elementos do romance noir - para saber mais veja o resumo sobre o gênero clicando aqui - bem, isso quer dizer que “Pulp” contém ação, conotações sexuais, perigo e detetives particulares que não são “máquinas pensantes”, mas homens normais. Isso tudo escrito em prosa objetiva, narrando os fatos que coincidiam com sua ações.


Charles Bukowski utiliza varias referência à subliteratura, desde o título “Pulp” que representa as revistas feitas com papel de baixa qualidade a partir do início da década de 1920, que geralmente tratavam de ficção científica e fantasia. Como menciona o escritor francês maldito que influenciou toda uma geração de escritores marginais, Louis-Ferdinand Céline. Isso aliado a comentários irônicos, piadas internas, e uma acidez que dão um toque especial ao livro.


MOTIVOS PARA LER PULP

“Pulp” merece ser lido não só por caracterizar a vida de um detetive mais real: que tem vontade de transar, que se ferra pra pagar aluguel, que bebe, que trabalha, que não é de longe o mais inteligente mas se vira como pode. Mas por ser o romance no qual Bukowski se despede da vida ( foi o último livro que o escritor escreveu). Por trás de todos os personagens excêntricos e diálogos divertidos, “Pulp” é um livro que fala sobre a morte.


E como diz a contracapa do livro: “Tomara que a morte estivesse linda, gostosa e sexy – como está nesta história- quando encontrou o velho Buk poucos meses depois de ter posto o ponto final nesta pequena obra-prima”.

Avaliação Pessoal: ♥♥♥


Ficha Técnica

Título: Pulp Subtítulo: O Último Livro de Charles Bukowski Autor: Charles Bukowski Tradução: Marcos Santarrita Editora: L&PM Editores Edição: 1 Ano: 2009 Idioma: Português Especificações: Brochura | 176 páginas




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"FUI PARA OS BOSQUES VIVER DE LIVRE VONTADE. PARA SUGAR TODO O TUTANO DA VIDA. PARA  ANIQUILAR TUDO O QUE NÃO ERA VIDA E PARA QUANDO MORRER, NÃO DESCOBRIR QUE NÃO VIVI."

Henry David Thoreau

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