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A ESTRADA

  • Livia Guimarães
  • 30 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura

Os meus passos combinam com as cores dessa estrada, e cada pequeno desastre me trouxe até aqui. Sou um viajante do tempo, saltando em direção ao futuro em pequenos passos de tentativas. Sem mapas, apenas tentando sobreviver ao momento. Todos acham que estou tentando fugir da verdade, mas o mundo ao meu redor é secretamente estranho, vejo todos os dias pessoas virando ferrugem e guardando seus sonhos em gavetas a noite. Tento captar algum sorriso ao meu redor enquanto caminho pelas ruas, e tudo o que consigo ver são pessoas com suas preocupações e dilemas do dia, ainda não se dando conta que este mundo já está fora do controle delas. Alguns detalhes até são charmosos, outros preciosos e irrecuperáveis. Mas todos se dissipam na pitoresca textura do dia. Não sei bem como cheguei até aqui, só me lembro de ter acordado um dia precisando de oxigênio, com a cabeça pesada e com uma certeza: sou um átomo nesse mar de nada. E naquele momento um desejo invadiu meu corpo pedindo-me mais dias dos quais eu possa me lembrar. E cá estou eu nessa estrada, a procura de uma única paisagem cinematográfica que me tire o ar. Às vezes as noites são frias, e eu sinto falta de um lugar confortável para encostar minha cabeça. Mas esses pensamentos se vão quando o sol ilumina meu rosto, pois tudo é uma questão de amanhecer. E eu continuo a minha jornada estrada a fora, sem saber onde ela vai me levar. Pois em outra parte de mim, já sou um velho, olhando de volta as coisas, separados apenas por um oceano de tempo.

Sou um viajante nessa estrada da vida, do tempo, tentando dizer para mim mesmo que algo significou. Livia Guimarães





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"FUI PARA OS BOSQUES VIVER DE LIVRE VONTADE. PARA SUGAR TODO O TUTANO DA VIDA. PARA  ANIQUILAR TUDO O QUE NÃO ERA VIDA E PARA QUANDO MORRER, NÃO DESCOBRIR QUE NÃO VIVI."

Henry David Thoreau

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