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Filme: A música nunca parou

  • Livia Guimarães
  • 7 de mai. de 2016
  • 3 min de leitura

Nada mais justo do que começar este post com a frase de Friedrich Nietzche " Sem a música a vida seria um erro". E será que alguém tem dúvida disso?



Costumo dizer que todos tem na vida uma trilha sonora. Canções que já embalaram sonos de infância, melodias que já lhe fizeram confessar coisas na pista de dança ou mesmo que fazem sua mente viajar no tempo e espaço e lembrar de alguém, de um lugar, de um momento especifico. Por isso alguns estudiosos dizem que "A música é a linguagem da emoção". E o mais interessante é que não importa o idioma, música será sempre música. Você não precisa saber falar japonês, francês, inglês para compreender que algo acontece com você quando escuta uma canção, A música está em tudo, até a natureza tem a sua própria! Talvez seja por isso que gosto de filmes que tratam a música como um personagem, especialmente daqueles que conseguem demonstrar com sutileza, que ela não é só uma fórmula de acordes que agradam ao ouvido de determinada pessoa. Gosto de filmes que tem a música estampada a cada frame, a cada efeito Kuleshov, seja pela forma como os produtores conseguem mostrar que ela ultrapassa uma manifestação artística e influencia uma época e todo um pensamento; ou pelo modo como os personagens se conectam com determinadas canções, de um jeito tão profundo que, enquanto eles escutam essas faixas, eu consigo perceber a entrega. É como se eles se abandonassem às músicas, se transportassem para dentro delas e, ainda que por um momento breve, fizessem delas toda a sua existência.


Em A Música Nunca Parou (The Music Never Stopped, 2011), o que a gente encontra é um somatório dessas duas situações. Desde criança a música esteve presente na vida de Gabriel (Lou Taylor Pucci), através de brincadeiras de adivinhações que seu pai Hanry (J.K. Simmons) gostava de fazer, como "De que ano é este albúm?" ou "Quando eu a ouvi pela primeira vez?". É interessante que o começo do filme demonstra exatamente como somos influenciados pelos gostos dos nossos pais, pois são eles nossas referencias iniciais, e quanto disso pode formar nossa personalidade - lembro que no meu caso, meu pai adorava Rita Lee, e claro eu sabia cantar todas de cor!


O meio do filme é um resgate e uma descoberta, que permeia a vida de pai e filho nos Estados Unidos de 1970, em meio ao contexto da Guerra do Vietnã. Gabriel é contra a opinião pública norte-americana que apoiava a luta "em defesa da liberdade e da democracia". Pois via seus amigos jovens passando a retornar para casa dentro de sacos fúnebres. Não só o personagem passou a se rebelar contra uma sociedade quadradinha, mas a música da época também era uma resposta protesto, que influenciou uma geração inteira de jovens criando um contracultura. Por isso as bandas que Gabriel ouvia eram faixas marcadas por protestos, contra a Guerra, contra do presidente Nixon como Beatles, Bob Dylan, e principalmente The Greatful Dead, e ai começa o conflito familiar com o pai, pois ele não faz questão de ir para a faculdade: ele quer viver de música (ou viver a música).


Apesar da ótimo atuação de Lou Taylor Pucci e J.K. Simmons, a verdadeira estrela de A Música Nunca Parou é a trilha sonora sem dúvida. Ela comunica aquilo que não é dito, te leva de volta no tempo, te faz sentir a dor dos personagens e, posteriormente, numa sequência que envolve um show do Greatful Dead te mostra porque ela é capaz de resgatar conexões no cérebro que, às vezes, até a ciência falha em trazer de volta: "A música é o barulho que pensa." - Victor Hugo.



(The Music Never Stopped, de Jim Kohlberg, 2011) para quem nunca ouviu falar, vale a pena ;)


É um drama sem ser piegas, A Música Nunca Parou conta uma história (que, diga-se de passagem, o filme foi uma adaptação de uma história real do livro Um antropólogo em Marte do Oliver Sacks, capítulo O Ultimo Hippie) com a qual é fácil se identificar, podem assistir sem medo de ser aquele filme que você irá chorar rios de lagrimas mas ATENÇÃO: não tem como não se arrepiar e se emocionar em algum momento.

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"FUI PARA OS BOSQUES VIVER DE LIVRE VONTADE. PARA SUGAR TODO O TUTANO DA VIDA. PARA  ANIQUILAR TUDO O QUE NÃO ERA VIDA E PARA QUANDO MORRER, NÃO DESCOBRIR QUE NÃO VIVI."

Henry David Thoreau

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